Hoje eu nem ligo...

tel verm

Eu vivo tomando certas decisões, prometendo-me cumpri-las e mudando de ideia, ou simplesmente não resistindo...

Eu me prometo que só vou ligar pra quem me liga; que só vou escrever pra quem me escreve; que só vou mandar e-mail para quem no mínimo me responde; que só vou dar carinho a quem me dá; que só vou abraçar a quem me abraça...

Mas então eu lembro de São Francisco dizendo "fazei que eu procure mais amar que ser amado” e vejo que não sei ser assim...

Não posso me preocupar só com quem se preocupa comigo, pois minha essência não é egoísta.

E não é porque há muitas pessoas ingratas à minha volta que vou me tornar uma, pois não é o outro que determina quem eu sou.

Eu sempre fiz questão de ser educada, mesmo com quem não é; delicada e gentil mesmo com os indelicados e grosseiros; de falar mesmo com aqueles que me viram a cara até dentro da igreja (e nunca me arrependi, porque diferente das pessoas, Deus tudo percebe e tudo responde)! Tudo isso porque penso que eu sou Daniele e não os outros e não posso mudar meu jeito pelos outros.

Eu ajo conforme a minha consciência porque sou eu que decido quem eu quero ser e quem me determina é Cristo. S. Paulo diz “não pague a ninguém o mal com o mal, mas ao contrário, vence o mal com o bem” e esta tem sido uma das máximas que norteia a minha vida! Não se pode preencher vazio com vazio; não se pode vencer maldade com maldade!

Mas eu sou humana e tem horas que canso... Não desisto de rezar pelos que me magoam ou fazem mal... Mas ainda assim, basta que em um só momento da minha vida eu pense “bem feito, tomara que não consiga mesmo, ‘to’ me ‘lixando’!” pra eu me fazer muito mais mal do que a própria pessoa me fez. Porque o arrependimento e a sensação de se estar contaminando com o que é ruim doem demais!

Não sei como as pessoas conseguem viver assim... Deve ser alguma coisa no DNA, um buraco na alma, um defeito genético, uma cegueira que não as deixa perceber o mal que fazem aos outros e a si... Não sei! Ou vai ver que eu que sou idiota mesmo!!! Porque depois de uma vida inteira querendo o bem de alguém, basta que em um pequeno momento eu não me importe para me sentir culpada!

Bom, eu comecei falando de ligar pra quem não liga e aí lembrei de pessoas que pagam o bem com o mal e tomei outros rumos nesse desabafo...

Só sei que ando dividida e confusa e que nas últimas semanas mudei de ideia várias vezes. Como tenho dito, gosto muito de fazer o bem e me sinto ótima por poder ajudar as pessoas de alguma forma, sobretudo com conselhos, que parece ser uma das coisas que mais tenho dom pra fazer. Mas ainda assim, enquanto se vive na Terra não se pode ser santo; minha fraca humanidade por vezes grita e a ingratidão dói. E ela (a humanidade) tem berrado muito ultimamente.

É verdade que aí eu me recordo que Cristo morreu por nós sem esperar que merecêssemos, que Deus faz por nós sem esperar que agradeçamos; que Maria fez por Isabel e pelos noivos de Caná sem esperar que pedissem... E então o que era peso se torna leve; agradeço a Deus a chance de praticar uma ação que me torne um pouco melhor e entrego a Ele o que de ruim possa estar sentindo.

Mas independente desta característica maternal, intrínseca a mim, de me preocupar com os outros, pensar numa forma de ajudar e querer fazer o bem a qualquer custo, tem aquela questão lá do início. Não posso obrigar ninguém a gostar de mim; como também não posso me obrigar a DESAMAR (e como já tentei). Mas até onde preciso demonstrar?

Como disse, tenho mudado muito de resoluções ultimamente (às vezes diariamente ou mais do que isso). E a de agora é: não ligo mais; não torpedo mais; não tuito mais, não procuro mais, estou farta de me sentir assim! Não se brinca com o sentimento das pessoas, eu não sou objeto!

Mas amanhã é capaz de eu dizer o contrário de novo, porque tenho esta mania de ser uma sentimental boba que se compadece, que se preocupa. Ou simplesmente sinto falta. Ou simplesmente me lembro que o erro do outro não determina o meu...

Mas hoje eu nem senti vontade, nem lembrei de olhar o telefone, nem quis saber... Hoje eu nem ligo de não ligar...

“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.”
Clarice Lispector


E se todo dia fosse dia?



E se segunda fosse dia de fazer algo pela casa?
E se na terça eu enfrentasse o monstro telefone e fizesse uma chamada?
E se na quarta eu cuidasse só de mim?
E se a quinta fosse dia de dar uma dançada?
E se toda sexta eu visse amigos diferentes e matasse as saudades?
E se sábado fosse um dia inovador?
E se domingo fosse mesmo o dia do Senhor?
Dia de rezar como nunca, de agradecer por tudo e pedir forças pra continuar?
E se todo dia fosse dia de recomeçar, de conquistar metas e objetivos,
E cada manhã fosse única e merecesse um novo sorriso para a dádiva da vida?
E se sempre fosse dia de viver intensamente como se fosse o último?
E se todos os dias fossem para amar – e
em todas as tardes eu declarasse este amor a todos?
E se cada rotação da Terra servisse pra rever, repensar, aprender e reaprender,
E as noites trouxessem, necessariamente, uma nova inspiração?
E se a semana inteira fosse só pra ser feliz?


18/04/11 1h 40min
àEra p/ ser só um projeto p/ semana, uma meta por dia. Pegando carona no meu novo modelo "transformando a grd lista de 'afazeres' em pequenas metas", pensei em separar coisas por dia da semana, e a agenda virou postagem... ;) rsrs
Continuação

“O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente."
Carlos Drummond de Andrade





(...)

Não me chamem só na hora da farra,
Não me clamem só na hora do desespero!
Não me falem só pra descarregar suas tralhas,
Não me queiram por perto só por apego!
Não me gritem só pra fazer eco,
Não me berrem só por um minuto de sossego!

Porque um só destes gestos não me define,
Eu sou todos eles juntos e alguns mais!
Eu não posso ser só uma parte,
Não posso estar dividida, não sou uma dicotomia.
Não sou um cubo de seis faces,
Ou um armário com várias partes,
Sou uma pessoa inteira!

Não se pode ter só um pedaço de mim:
Eu me dôo no todo!
Quem quer uma fatia
Tem de levar a totalidade do bolo
(e isso também inclui os defeitos).

Olhem pra mim e vejam simplesmente
Minha humanidade!!!
Lembrem apenas que sou um ser,
Uma pessoa!

Alguém com necessidades,
Sentimentos, carências, fragilidades,
Cismas, manias,
Medos, apegos,
Inseguranças, fantasias,
Sonhos, desencontros,
Devaneios, desvarios...

E não me basta saber que sou amada!
Quero sentir, quero perceber,
Quero gestos que me dêem certeza,
Quero ver, quero encontrar,
Quero ser abraçada,
Acarinhada, lisonjeada,
Ouvir que sou querida...
E depois quero tudo de novo,
Pois a semana passada já passou
E não posso guardar a segurança dela pra hoje.

Preciso de recados, bate-papo,
Torpedos, e-mails, telefonemas,
Presença!!
“O coração se enche é de presença,” me disseram!

Sou amiga pra todas aquelas horas lá do inicio,
Mas também sou só pra jogar conversa fora,
Pra rir, cantar, dançar ou chorar.
Pra gritar, corrigir, brigar.
Pra divergir e pra amar!

Não se lembrem de mim apenas
Por um desses motivos,
Lembrem de todo o conjunto!
Tentando fazer o dever de casa (me concentrar nas minhas qualidades), às 4 da madruga do dia 06 p/ 7, vieram algumas destas frases na minha cabeça. O sono ñ me deixava levantar p/ anotar, o poema ñ me deixava dormir. Mas ele nasceu!



NÃO SÓ

Não quero ser lembrada só nas horas ruins
Tampouco só nas horas boas.
Não quero ser lembrada somente como aquela que
Alegra a festa, que dança por muitas horas e
Faz qualquer um se divertir,
Nem só como a que conta muitas piadas pra fazer rir.
Não quero ser só a que reúne a galera e faz todo mundo se encontrar e se distrair.
Não quero que me lembrem só como a que sabe consolar os amigos e lhes fazer sorrir,
Aconselhar os indecisos, acolher na hora do conflito
E ajudar a seguir.

Não se lembrem de mim só porque sou como a fantasia do carnaval,
Ou porque sou como a mãe, a irmã e a filha.
Não só porque faço os amigos todos beberem água,
Irem ao médico, cuidarem da saúde, se desculparem e perdoarem.

Não me busquem só à procura de certezas,
Não me interroguem só em busca da minha profunda e conhecida franqueza.
Nem só como a que resolve problemas,
Guarda qualquer segredo, a que só que ajudar,
A que ri demais ou chora bastante.

Mas também não só como a sensível, compreensiva,
Aquela que consegue perceber, entender, falar um detalhe,
Acalmar e apaziguar.
Não olhem pra mim vendo só uma pessoa boa, que ama muito
(Mesmo sem um porquê), que se despe de preconceitos,
Que não quer saber o que você tem, qual o seu status,
Quem você namora, do que gosta, o que ouve, bebe ou fuma.
Não precisam vir a mim tão somente pra pedir oração
Ou porque se sentem no dever de agradecer
E por tantas outras coisas que não sei dizer,
Ou por qualquer outra obrigação.
Sumi de novo, né? Eu tenho isso de desanimar qd fico insegura. Mas eu já estou cuidando disso, vou melhorar!! ;)
Ademais, hj qd entrei fui a visitante 1750!! É um excelente nº p/ um blog relativamente novo, pouco divulgado e pouco cuidado pela sua genitora! rsrs E tem mais: Lembrei da Joulie (fiz um post ano passado falando sobre como o filme "Julia e Julie" foi inspirador p/ mim).
Bem, eu já estava indo dormir, caindo de sono, qd resolvi vir aqui. E já q até hoje eu não consegui pegar no meu texto sobre o carnaval p/ terminá-lo, um aperitivo do passado: escolhi em 2 min um poema que gosto muito, nem mesmo o corrigi.
Ele pode ser um pouco pueril (até pq eu ia completar 18 anos), mas vem de uma fase minha "pós-modernismo", em que eu queria dialogar com poetas consagrados: aqui o escolhido foi o parnasiano Olavo Bilac, com seu célebre "Ouvir estrelas"*, além das minhas comuns retomadas com meu Amado Drummond. Espero que curtam!

Sentidos

 Ver a felicidade onde
ela é invisível;
Perceber o amor
onde parece que é inexistente

Sentir, Sentir, Sentir...

Ver num toque,
Escutar com os olhos
Ir além do que
todos são capazes!

Não amigo, não és louco
por ouvir estrelas.
Nós somos assim:
Estamos acima da maldade,
Inertes ao ódio,
À frente do mundo;
Mas shii! Não diga nada.
Guarde segredo, como
nosso amigo Carlos.
E ame também no escuro.**

Sofrer além do sofrimento;
Encontrar dor
onde ela está mais escondida e
Chorar mais do que lágrimas...

Questionar o que é tido como certo,
Achar lógica no que parece equivocado,
Não Ter barreiras para a percepção...

Possuir o coração maior e
saber que ele não é mais
vasto que o mundo.***
Ter o tato muito sutil,
visão até o inatingível,
Ouvidos fora de nossa dimensão...

Sentir ... Sentir ... Sentir...

Isso é que é a poesia!

                Daniele Pivatelli
                                05/10/00 - 18 h 32 min
***http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema001.htm (Poema de 7 faces - Drummond)

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