Nossa!!! Eu tinha abandonado o blog!!! Naquela de escrever algo novo, acabei foi esquecendo. Mas p/ recuperar o embalo, resgatei um poema das antigas, ainda no tema "quem sou eu" (rsrs)!! Acho que foi a primeira vez que consegui mesmo me "auto-escrever" (deve ser uma sensação parecida com a de quem pinta um auto-retrato).
Vejam o que acham:


Revelação
           
Eu sou um ser em contradição
Que chora enquanto ri,
Como já dizia meu professor,
Que grita e cala,
Guarda e desabafa
E não sabe a hora de se revelar

Nada comigo é meio termo
(eu vivo mesmo a esmo)
Não sei como não exagerar,
Vario de um extremo a outro,
e é sem querer,
pode acreditar.

Eu vivo me encantando com todos,
E espero muito de cada um.
Decepciono-me demasiado e por pouco,
Mas perdôo o que não tem perdão.

Amo incondicionalmente,
Quem às vezes eu não suporto;
Por vezes me oculto em sombras
e em outras me sobressaio mais até do que espero.

Eu sou boa
e tenho minha maldade;
Mas incrivelmente sou amiga,
mesmo quando quero desforra.

Minha felicidade é extravasante,
E minha dor é incontida.
Por vezes canso de tanto rir,
Mas também perco as forças para brecar o pranto
E tudo comigo parece que não vai ter fim...

Vivo a construir novos centros para minha vida,
Só que meus castelos se desmoronam rapidamente;
Moro na Ilusão,
Tenho os pés presos ao chão.

Eu gosto de todos os estilos,
E visto-me de todas as maneiras,
E comporto-me de todos os modos,
E ouço de tudo o que existe,
E juro que sou realmente assim.

Tenho minhas preferências
Mas elas são muito diversificadas,
Minhas opiniões são bastante variadas.

Não gosto quando dizem que sou exagerada,
Como se isso fosse uma opção.
Já nasci fortemente intensa,
Para isso não há solução.
Acusam-me de excessiva,
Como se isso não me machucasse.
E ninguém compreende
meu estoque de compaixão.

E quem entende alguém assim,
Se nem eu consigo me explicar.
Sei falar de quase tudo,
mas não aprendi a me auto-expressar
(Alguém sabe?!)

Aprendi a me aceitar,
Já entendi que nem todos me aceitam;
Talvez só falte isso:
Aceitar até quem não me aceita.

É assim. E vai ter de ser sempre
Porque eu sou Eu,
Ainda que existam muitos eus
dentro de mim mesma.

Já disse um dos grandes mestres da poesia
que traduzir uma parte na outra parte
é questão de vida ou morte
E eu lhe respondo que isto é, sim, uma arte.
Afinal, o que pode ser mais artístico
do que o próprio viver?
E o que é a vida se não uma grande poesia
que não cessa nem com o nosso fim?

Daniele Pivatelli
       02/04/03  No ônibus, voltando da faculdade

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