Vejam o agradecimento ao fim e conheçam a Elaine Biason
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Eu sou mais macho
Que muito homem...”
Pagu – Rita Lee e Zelia Dulcan
bundae coração


A bunda ou o coração?

     É isso mesmo que vim perguntar: você prefere um belo coração ou uma bela bunda – ou outra parte do corpo? Vamos entender a pergunta em seus vários aspectos (no amor, na amizade, em si mesmo...):
    Dia desses algum programa da TV saiu perguntando pra mulherada pelas ruas “o que um homem precisa ter para conquistá-la?” e eu fiquei boquiaberta com as respostas: somente uma mulher não falou “ser bonito” como principal característica!! Esta é a sociedade em que vivemos: a beleza é contada como qualidade da pessoa, quando, na verdade, ela não guarda nenhuma relação com a personalidade.
    As mulheres reclamam que os homens são infiéis, incompreensivos, mentirosos, viciados em futebol, individualistas, pouco participativos... Mas na hora de selecionar as qualidades que o homem da sua vida tem que ter, elas não listam fidelidade, compreensão, sinceridade, atenção, zelo e companheirismo em primeiro lugar... NÃO! Querem beleza!
   Eu questiono: o que vai fazer seu marido ou companheiro lhe dar bom dia de manhã, lhe abraçar e lhe dizer as coisas mais lindas é a beleza externa dele ou qualidades como gentileza, amabilidade e ternura?!?
   O que vai fazer seu namorado telefonar só pra dar boa noite e dizer que está com saudade: ser o gato mais musculoso e definido da academia ou ser apaixonado, fofo e carinhoso?
   Muitas esposas reclamam que seus maridos não são românticos, não levam café na cama e não mandam flores.... Mas se você queria um marido romântico por que escolheu o mais bonito?!? Entendam: não estou dizendo uma coisa exclua a outra, claro que não! NÃO estou relacionando a aparência com a falta desta ou daquela qualidade, pelo contrário!!
   Estou defendendo que a exterioridade não guarda relação com a personalidade e cada qual tem de saber aquilo que deseja pra si! Se você só comprou maminha pro seu churrasco, não espere comer coração de alcatra ou picanha, certo?
   Se pra você, o importante é romantismo, escolha um par romântico; se prefere o companheirismo, escolha um namorado que seja bom amigo... Se o importante pra você é só a beleza mesmo, escolha o mais bonito, mas não reclame que faltam outras coisas (nem lamente quando a beleza acabar, pois o tempo passa pra todos – fato)!
   Mas o que mais me espanta não é isso! O pior é que percebo que há pessoas que escolhem os AMIGOS, sim, os amigos, pela aparência!! No que a aparência de uma pessoa pode influenciar na qualidade da amizade? Amigo é aquele que lhe respeita (respeito, ô palavrinha rara!), lhe aceita como você é, lhe apoia, ajuda, incentiva, cuida, se preocupa, procura; chora, ri, sofre, torce e vibra junto, dentre outras tantas qualidades de um bom amigo. Mas no que um amigo bonito seria melhor do que um feio eu não sei...
   E AÍ VEM O PONTO QUE ME TROUXE A ESCREVER ESTE TEXTO, MUITO ANTES DA TAL PESQUISA PRA TV: VALE À PENA ARRISCAR UMA BOA E VERDADEIRA AMIZADE POR UM DESEJO/ATRAÇÃO?!?!??!
   Será possível que um beijo roubado ou uma mãozinha boba pagam o preço de uma grande amizade?!?! Será que o sujeito que tem uma amiga linda, loira e gostosa não pode colocar o valor do laço afetivo acima de tudo, percebendo que o carinho que ele recebe não tem preço?
   Já ouvi muitas amigas minhas se lamentando que o seu amigo (seu grande amigo, o amigo que era amado como um irmão) lhe roubou um beijo! Ou pior: chegou a não resistir e avançar a mão pra onde não devia! “E agora, José?”Ele confundiu tudo!! Trocou a certeza de ter uma amiga que valia por uma “irmã-companheira-filha-mãe-emuitomais” por um risco de perdê-la, por um impulso, um momento de tentação tipicamente masculina (se bem que pode ocorrer o contrário: ela confundir). “E agora, José?” Será que ela pode perdoá-lo? Será que a amizade ainda pode prosseguir? Ou quem escolhe a bunda perde o coração, sem perdão?
   Já vi de tudo: ser o fim; ter perdão e recaída do rapaz (ops! Parece que este não tem jeito!); já vi ela deixar pra lá, ele perceber que mandou mal e amizade continuar tal e qual era antes; já vi os dois tentarem, mas não mais recuperarem o grau de confiança e intimidade; e alguns ainda devem estar tentando... E aí, será que valeu à pena tal troca??
   “Tá”! Eu confesso: aconteceu comigo também (e nunca foi segredo). Era uma amizade que estava começando, mas estava sendo muito importante pra mim. E ele... Zapt! Tascou um beliscão! O episódio foi traumático: colégio, só meninos na sala, arremesso de tênis (meu, claro!), riso nervoso (muito nervosismo!), vergonha ... Minha resposta foi: “não tem perdão!” A dele: “vocês não entendem, foi mais forte que eu, foi um ímpeto, não sabia o que estava fazendo”. 1 ano depois até voltei a falar com ele (comovida por um acidente), mas a amizade não pôde ser de todo refeita. Se é verdade que os homens nunca sabem o que estão fazendo, eu não sei; mas ele perdeu o precioso coração da grande amiga que eu sei ser!
   Claro que na adolescência tudo é mais dramático. Se fosse hoje eu daria, sim, outro voto de confiança - se acreditasse na possibilidade de uma amizade com raízes. Se certa ou idiota, eu não sei...
   Eu tinha intenção de falar outras muitas coisas, mas pra não me alongar demais, vou encerrar no aspecto “a sua própria, ou seu coração”.
   É ótimo a gente se amar e se cuidar e ninguém deve abrir mão disso. Todo mundo gosta de olhar no espelho e sentir-se bem consigo mesmo, nem que pra isso precise se desapegar e mudar o cabelo. Mas o que lhe determina é o que você é ou o que você aparenta/ tem? Compensa viver em função da beleza?
   Está certo que a indústria cosmética está cada vez mais avançada e que há por aí lindezas como a atriz Ângela Vieira pra nos dizer que a beleza pode durar um pouco mais; mas me desculpem dizer: mais cedo ou mais tarde o tempo chega pra todos, inclusive para essas famosas belíssimas, e a beleza externa – efêmera por natureza – passa! Terá valido à pena dedicar-se primordialmente (digo, como objetivo principal) a algo tão passageiro?
   Ou será que não é melhor investir um pouco mais na sua pessoa, no seu aprendizado, nas suas relações, no seu coração?
   Será que a maneira como nos vemos e respeitamos não influencia a maneira de ver e respeitar o outro?
E aí, o que vai ser: um coração verdadeiro e amável? Ou vai preferir um par de peitos ou uma bunda perfeita?
bunda coração
Dani Pivatelli Charles
17/05/11 4:11h


Agradecimentos: 
Há meses estava para escrever este post, mas por algum motivo me faltava coragem... Talvez de olhar à minha volta e ver até onde vai esta triste realidade de tratar o humano como coisa. Mas incentivada por Elaine Biason (te dedico!) e pela Aline de Castro (obrigada por me mandar escrever em vez de dormir), cá estou, às 2:44h da madrugada, iniciando tudo isso! Obrigada meninas tuiteiras! Valeu mesmo pela força!

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