Continuação

“O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente."
Carlos Drummond de Andrade





(...)

Não me chamem só na hora da farra,
Não me clamem só na hora do desespero!
Não me falem só pra descarregar suas tralhas,
Não me queiram por perto só por apego!
Não me gritem só pra fazer eco,
Não me berrem só por um minuto de sossego!

Porque um só destes gestos não me define,
Eu sou todos eles juntos e alguns mais!
Eu não posso ser só uma parte,
Não posso estar dividida, não sou uma dicotomia.
Não sou um cubo de seis faces,
Ou um armário com várias partes,
Sou uma pessoa inteira!

Não se pode ter só um pedaço de mim:
Eu me dôo no todo!
Quem quer uma fatia
Tem de levar a totalidade do bolo
(e isso também inclui os defeitos).

Olhem pra mim e vejam simplesmente
Minha humanidade!!!
Lembrem apenas que sou um ser,
Uma pessoa!

Alguém com necessidades,
Sentimentos, carências, fragilidades,
Cismas, manias,
Medos, apegos,
Inseguranças, fantasias,
Sonhos, desencontros,
Devaneios, desvarios...

E não me basta saber que sou amada!
Quero sentir, quero perceber,
Quero gestos que me dêem certeza,
Quero ver, quero encontrar,
Quero ser abraçada,
Acarinhada, lisonjeada,
Ouvir que sou querida...
E depois quero tudo de novo,
Pois a semana passada já passou
E não posso guardar a segurança dela pra hoje.

Preciso de recados, bate-papo,
Torpedos, e-mails, telefonemas,
Presença!!
“O coração se enche é de presença,” me disseram!

Sou amiga pra todas aquelas horas lá do inicio,
Mas também sou só pra jogar conversa fora,
Pra rir, cantar, dançar ou chorar.
Pra gritar, corrigir, brigar.
Pra divergir e pra amar!

Não se lembrem de mim apenas
Por um desses motivos,
Lembrem de todo o conjunto!

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